1 – Quando existe a sensação de que se precisa transformar algum aspecto da vida, pode se agir apenas imaginando que algo vai mudar, sem apoio na realidade e não conseguindo nenhum resultado efetivo. Ou, melhor dizendo, pode-se encenar alguma ação para alguém e que não muda em nada a estrutura que sustenta o sofrimento. Por exemplo, um trabalhador insatisfeito com o seu trabalho, desejando reconhecimento e uma remuneração maior, pode ficar insatisfeito com o ambiente de trabalho e deixar de fazer algo imaginando que o chefe irá perceber, raciocinar tudo o que aconteceu, se arrepender e premiar o trabalhador com tudo aquilo que ele deseja. Geralmente essa construção
fantasiosa não se realiza.
2 – É possível agir a partir da negação do sofrimento e do desejo de mudar. Quase como se a situação de sofrimento atual fosse mais cômoda ao sujeito do que investir em uma transformação. São ações que preservam tudo aquilo que faz sofrer, confirmam as crenças e preconceitos, sendo que muitas vezes custam a vida ou a qualidade de vida da pessoa. Uma forma mais fácil de pensar essa forma de ação é entender que a sua prática envolve mais uma “saída de cena” do que uma responsabilização pelo desejo. Por exemplo, uma pessoa que deseja engatar um relacionamento com alguém, mas acredita que isso é impossível e decide sempre testar a outra pessoa exigindo demonstrações de amor impossíveis para algo que só está começando. Na maioria das vezes, se isso persistir, nunca haverá um relacionamento saudável e a pessoa nunca alcançará o seu desejo.
3 – Uma terceira forma de agir diz respeito a uma ação que altere as estruturas que sustentam o sofrimento. São modos de agir – e a palavra é sempre um dos meios para se agir – que instaurem uma nova organização. É uma ação que rompe com a repetição e com a ordem, literalmente, criando novas possibilidades para existir no mundo e dotando o sujeito de uma nova postura perante os outros.
Psicólogo Marcelo Hayeck
CRP 04/56450