Todos nós, humanos, nascemos desamparados. Todos os indivíduos já precisaram de
outras pessoas que lhe oferecessem cuidado e proteção para conseguir crescer, se
fortalecer, ter um certo grau de autonomia e superar essa fragilidade e vulnerabilidade
inicial. Ainda, não há alternativa para isso, portanto a base da vida humana é a condição
de desamparo.
Ao longo da vida e na medida em que crescemos encontramos meios de enfrentar e
superar essa condição de desamparo inicial, mas algumas pessoas e em alguns momentos
revisitam esse estado inicial de acordo com as incertezas e inseguranças da vida.
Casos de ansiedade e pânico podem deixar as pessoas presas em um estado de desamparo.
Quase como se não houvesse solução para os problemas, ou melhor dizendo, existe a
sensação de que nada nem ninguém pode salvar a pessoa que está sofrendo – nem a
própria pessoa.
A sensação de ansiedade é muitas vezes descrita como algo que “inunda” ou a impressão
de “afogamento”. Cabe a cada indivíduo encontrar formas de agir e se posicionar no
mundo de forma a conseguir fazer esse barco deixar de boiar sem orientação e navegar
para outros rumos. Em melhores palavras, se trata de “tomar as rédeas” da sua vida outra
vez. Tomar o controle do barco para si.
A partir do trabalho de um terapeuta ético e qualificado isso pode acontecer! Desde que
haja compromisso e confiança, pois o processo terapêutico ocorre no encontro entre
terapeuta e paciente – a dupla precisa trabalhar em conjunto.
A ansiedade é uma das principais queixas no atendimento clínico e um sintoma que exige
um cuidado especial.
Aquilo que chamamos de “ansiedade” se manifesta de forma diferente para cada um e
traz consigo uma variedade de outros sintomas. Medo, angústia, ansiedade… todas essas
palavras costumam aparecer juntas! Inclusive, em outros idiomas, por exemplo, no
alemão, o termo “angst” se refere tanto a “angústia” quanto ao “medo”, indicando o
quanto essas sensações estão associadas.
Quando tudo está misturado e confuso é preciso conduzir uma análise por partes.
Um caminho para dissolver a ansiedade é entender a sua razão de existir. Por exemplo,
ao nomear e diferenciar todos os sintomas e os pensamentos associados a ansiedade.
Quando alguém se sente ansioso – em um primeiro momento – os pensamentos podem
ser tão acelerados que é quase impossível entender o que está acontecendo. É preciso
realizar um trabalho no sentido de saber o que sustenta o quadro de ansiedade: medo do
futuro, insegurança, pensamentos sobre o fim da vida, instabilidade em algum campo,
dentre infinitas outras possibilidades.
O ponto central que eu gostaria de compartilhar aqui é o fato de que quando a ansiedade
não é tratada por um profissional responsável, ético e capacitado, a tendência é que o
corpo manifeste outros sintomas.
Quais sintomas podem acontecer? Tecnicamente, diversos. Todos os campos das ciências
indicam essa possibilidade que sempre depende da intensidade do quadro de ansiedade.
Todavia, existem alguns sintomas mais comuns: apertos e pressões em determinadas
partes do corpo, suor, tremor, dificuldade em respirar e focar o pensamento, visão turva,
sensação de taquicardia, choro, dentre diversos outros.
O mais importante é saber que a ansiedade é sobre as sensações que cada um sente!
Sensações que nem sempre correspondem a fisiologia do corpo, ou seja, a impressão de
estar com os batimentos cardíacos acelerados não quer dizer que exista uma doença
cardíaca ou o risco de algum acidente. Assim, quando uma pessoa em pânico ou no pico
de uma crise de ansiedade vai ao médico por estar supondo algum grave problema em
seus órgãos, não encontra nada.
Psicólogo Marcelo Hayeck
CRP 04/56450